Ler para uma criança, olha, é daquelas coisas que a gente só percebe o valor quando faz. Quem já passou por isso sabe: não é só abrir o livro e sair falando. Tem toda uma mágica ali no meio, e nem sempre dá pra explicar tudo com estudo científico ou regra de pedagogia.
Quando a gente começa a ler, normalmente é assim: a criança se ajeita, fica com o olho grudado na página, e parece até esquecer do resto. Às vezes, só de ver a capa, ela já pergunta se hoje a história vai ser aquela do lobo, ou a da menina do cabelo comprido, ou sei lá mais o quê. E aí, quando começa, o adulto percebe que precisa mudar o tom de voz, dar uma risadinha, inventar uma voz engraçada pro personagem. E a criança ri, faz cara de surpresa, pergunta um monte de coisa — às vezes interrompe, às vezes só fica olhando, meio hipnotizada.
Não é raro a criança pedir pra ouvir a mesma história de novo. Aliás, isso é quase certo. E tudo bem. Tem adulto que até reclama: “de novo esse livro?”, mas, no fundo, sabe que faz parte. É o jeito dela decorar, de se sentir segura, de já saber o que vem e ainda assim esperar como se fosse novidade.
Outra coisa que acontece: a leitura vira conversa. No meio do conto, a criança puxa um assunto que, às vezes, não tem nada a ver com o livro. Ou então começa a imaginar um final diferente. E isso é ótimo. Mostra que ela está prestando atenção, que está pensando junto, criando, inventando. Não é só repetir a história, é participar dela.
E olha, quem lê também acaba aprendendo. Porque, enquanto lê, percebe detalhes que nunca tinha notado antes, ou se pega dando risada de um trecho bobo, ou lembrando de quando era criança também. São esses pequenos momentos que vão ficando na memória, pra todo mundo.
No fim das contas, ler em voz alta pra uma criança não é só ensinar palavra nova ou preparar pra escola. É criar um tempo junto, sem pressa, que ninguém tira depois. É o tipo de coisa que, mesmo quando a criança cresce, fica lá guardado — e um dia ela lembra e talvez até repita com os filhos dela.
Então, se der, leia pra uma criança. Pode ser um conto, uma fábula ou até a receita do bolo. O que vale mesmo é o tempo junto, o olhar curioso e aquela história, pequena ou grande, que vai ficar pra sempre com vocês.
					
							